(Edição ilustrada por Leal da Câmara). Livraria Chardron, de Lélo & Irmão. Aillaud e Bertrand. Porto. Lisboa. Paris. S.d. [193-?] De 19x13 cm. Com xxiii, [i], 266, [i] págs. Encadernação do editor em tela encerada com ferros a ouro na lombada e na pasta anterior. Ilustrado por Leal da Câmara, que reflecte nas suas aguarelas, os sentimentos e impressões de Guerra Junqueiro, com padres bonacheirões e imagens como a de Jesus conversando com Voltaire e Deus escarrando. Exemplar com danos nas charneiras, com a lombada e o miolo em vias de se separarem. Tem assinaturas de posse. Coleção de sátiras contra os dogmas e ritos do catolicismo. Publicada em 1885, esta é a obra mais popular e polémica de Guerra Junqueiro. A obra, dedicada à memória de Guilherme de Azevedo e a Eça de Queirós, é um poema satírico que critica de forma mordaz a Igreja Católica, retratando-a como uma instituição obsoleta e hipócrita, com forte influência da literatura francesa. O autor censura a deturpação do ideal cristão primitivo, o fanatismo religioso, o ritualismo oco, o jesuitismo, as superstições obscurantistas e o Vaticano. Apesar das suas críticas ferozes ao clero e à Igreja, Junqueiro não nega a existência de Deus, expressando a sua própria «crença robusta», que exalta valores humanistas e propõe uma espiritualidade mais autêntica, enquanto denuncia a exploração religiosa e a alienação promovida pela religião. Provocadora e polémica, tornou-se um marco da literatura portuguesa. Faz parte de um tríptico planeado pelo autor, que incluía A Morte de D. João, e que terminaria com Prometeu Libertado. O sucesso alcançado pela obra levou à publicação póstuma do último livro inacabado, em 1926, prefaciado pelo seu amigo Luís de Magalhães.